Uma Noite

Era noite quando ao longe percebi a chuva fina caindo sob a luz da lua. Aos poucos ela foi se aproximando, suas gotas se chocavam contra os vidros da porta da varanda e um vento calmo sibilava por entre as frestas. Parada diante da porta fiquei a esfregar os dedos uns nos outros enquanto permitia que meu pensamento fosse levado a bel prazer do vento e, ja faziam horas que eu estava mergulhado neste estado contemplativo quando você invadiu quarto a dentro com passadas rapidas, cenho carregado, e respiraçao alterada. Era visivel que voce nao estava nada bem. Entao perguntei ainda brincando com a mao eleveda no ar:
- Amor, o que houve?
A pergunta se extendeu ate o total silencio. Fiquei apenas a ouvir a calma que o clima exibia do lado de fora enquanto esperava voce sair do closet. Ao te ver sair tao chateada, tao tempestuosa, fechei os olhos e sussurei brincando: Tempo, me da uma ajuda aqui! E me aproximei de voce. O clima la fora começa a mudar, o vento antes calmo agora ruge do lado de fora, a chuva antes fina e calma, se tranforma numa pancada agressiva e volumosa.
Sentada na cama você me ouviu dizer isso e ficou me encarando sem entender nada. De pé e com a mao estendida na sua direção, repeti a pergunta:
- Amor, o que houve? -  e acrescentei-  Esta tudo bem?
Com os olhinhos anunciando lagrimas te vi dizer:
- Nao é nada! Estou bem!
Sem maiores opçoes, apelei pra insistencia, e ainda com a mao estendida no ar me aproximei mais de você e te pus de pé, te envolvendo num abraço leve e silencioso. Com as maos sob meu peito, voce perde o olhar e aos poucos seus braços comecam a me entrelaçar, sua cabeça finalmente descansa em meu peito. Sussuro em teu ouvido que vai ficar tudo bem uma lagrima nao tarda a molhar minha camisa. Depois outra. Outra. Com o passar dos segundos elas vao ser tornando constantes e, regidos pelo maestro do vento, começo a ensaiar passos de uma valsa. Chorando, voce se projeta contra meu peito. Com caricias vou tentando te acalmar. Murmurando uma melodia calma, tento te tranquilizar sem palavras, apenas com gestos, deixo que suas lagrimas se tornem mais continuas, pois sei que elas nao te farao mal algum. Tento te fazer se sentir mais segura te pressionando um pouco mais contra meu corpo. Sussuro que Te amo e que ali, debaixo daquel tempestade a calmaria esta pra chegar. Finalmente a tensao em seu corpo da sinais de rendição, sinto q voce vai relaxando e as lagrimas vao diminuindo. Junto com elas a chuva la fora se abranda, o vento vai se acalmando e aos poucos o clima volta ao estado de temperancia que eu estava a contemplar.
Com os olhos cheios de lagrimas voce levanta a cabeça e me lança um olhar doce, esboça um sorriso sem jeito, deslocado e antes que possa falar, te dou um beijo na testa e digo:
- Nao se preocupe, voce esta linda! - Com uma careta voce protesta, mas aceita o elogio com um sorriso, mais sincero, mais belo, mais teu. Aproveito e brinco:
- Ai esta ele! Agora entendo porque a lua nao brilha tao bela no céu! Voce a robou um pedaço! - Seu sorriso se enlarguesse e voce sorri com toda majestade que só o seu sorriso saber ter....